A PISCOGÊNESE DA LINGUA ESCRITA Emilia Beatriz Maria Ferreiro Schiavi nasceu na Argentina em Formou-se em Psicologia na Universidade de Buenos Aires.

Slides:



Advertisements
Apresentações semelhantes
A PISCOGÊNESE DA LINGUA ESCRITA
Advertisements

PROJETO EDUCA + AÇÃO REUNIÃO PEDAGÓGICA 25/04/2008
Os conceitos de alfabetização
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS PROFESSORA: LILIAN MICHELLE
VOCÊ SABE INTERPRETAR AS HIPÓTESES DE ESCRITA DE SEUS ALUNOS?
NÍVEIS DE EVOLUÇÃO DA ESCRITA ALFABÉTICA
A Língua Escrita como Objeto da
INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO 1ª Parte. Avaliação X Prática Pedagógica Sem uma clara e consistente teoria pedagógica e sem um satisfatório planejamento de.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA / UFSC CENTRO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO / CED DEPARTAMENTO ESTUDOS ESPECIAL.EDUCAÇÃO / EED CURSO: licenciatura em.
Prática de sala de aula O trabalho proposto serve como amostragem das diferentes formas de aprendizagem usadas dentro de um mesmo contexto educacional,
CIÊNCIA E METODOLOGIA CIENTÍFICA PATRÍCIA LIMA MARTINS PASCHOAL.
Técnica de redação: o que é preciso saber para bem escrever.
A ANÁLISE DO LIVRO DIDÁTICO DE MATEMÁTICA Méricles T. Moretti PPGECT/UFSC.
Silvana Aparecida Derobio ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO EMEB VEREADOR JOSÉ AVILEZ.
 Ainda usamos o famoso método do “bá-bé-bi-bó-bu”?
OS ERROS ORTOGRÁFICOS MAIS COMUNS NAS SÉRIES INICIAS Profª Gizeli Alencar.
PREFEITURA MUNICIPAL DE ITAGUAÍ ORIENTADORA DE ESTUDOS: JANINE MACEDO
Prof. Esp. Flávio Euripedes de Oliveira
Prof. Ma. Maria Cecilia Amendola da Motta
Programa de Mestrado Profissional Formação de Gestores Educacionais
Curso - Avaliação e Aprendizagem
Competência Leitora E A Resolução de Problemas
Educação para transformação social
PLANO DE AULA GRÁFICO DE SETORES.
PEAD Ludicidade e Educação
Reescrita de fábula e produção de autoria
A PISCOGÊNESE DA LINGUA ESCRITA
Prof. Vasco Moretto Prof. Gustavo Moretto
A Educação Matemática como Campo Profissional e Científico
Competência Leitora E A Resolução de Problemas
Elaboração de um projeto de pesquisa
OS MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO
JOGOS E RECURSOS UTILIZADOS NA ALFABETIZAÇÃO
Programação Formação Continuada 2016
Atividades lúdicas para o desenvolvimento da consciência fonológica
ESTIMULANDO A CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA COM DIVERSÃO
"Iniciação à Leitura e à Escrita"
A PISCOGÊNESE DA LINGUA ESCRITA Emilia Beatriz Maria Ferreiro Schiavi nasceu na Argentina em Formou-se em Psicologia na Universidade de Buenos Aires.
EMEB XXXXXXXX DEVOLUTIVA HTPC ___ DE ________ DE 2017.
Emilia Ferreiro e Ana Teberosky
Avaliação Mediadora Jussara Hoffmann.
CODIFICAÇÃO E CATEGORIZAÇÃO
JOGOS EDUCATIVOS Nós educadores precisamos estar atentos para descobrirmos as competências dos alunos, conforme diz Gardner (1985) o indivíduo possui múltiplas.
ABORDAGEM COGNITIVISTA
DIDÁTICO DE MATEMÁTICA
Disgrafia.
Janine Donato Spinardi Katia Ethiénne Esteves dos Santos
  ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO: UM OLHAR SOBRE O PROCESSO FORMATIVO NA MODALIDADE A DISTÂNCIA. Autores: Priscila Bernardo Martins; Edda Curi; Carlos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Avaliação Diagnóstica Visa determinar a presença, ou ausência, de conhecimentos e habilidades, inclusive buscando detectar pré-requisitos para novas experiências.
A LITERATURA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: ASPECTOS E CONTRIBUIÇÕES NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM. DAGMAR NEPONUCENO BELO CARDOSO UNIVERSIDADE FEDERAL DO.
Atividades lúdicas para o desenvolvimento da consciência fonológica Izabel Cristina Barbosa 1.
Formação de Professores na Perspectiva da Educação Inclusiva Rita Vieira de Figueiredo (Ph.D) Universidade Federal do Ceará Brasilia 31 de março 2010.
Conteúdo Metodologia e Prática de Língua Portuguesa
Ciclo da Consolidação, 9º ano do Programa de Intervenção Pedagógica
Estagio Supervisionado em Docência
FORMAÇÃO DE PROFESSORES 1º a 3º ano do Ensino Fundamental
Língua Portuguesa: Avaliação da Aprendizagem em Processo 2012
Linguagem Natural, Linguagem Artificial e Linguagem Documentária
ESTÁGIO EM MATEMÁTICA II ORIENTAÇÕES PARA REALIZAÇÃO DO ESTÁGIO
LUDICIDADE, PSICOMOTRICIDADE E IMAGINÁRIO INFANTIL HBF – FATEG PROFESSOR: WANDERSON CÂNDIDO (62) –
Linguagem Natural, Linguagem Artificial e Linguagem Documentária
Caminhando ao encontro da Aprendizagem 2018
NÃO BASTA SER FAMÍLIA, PRECISA SER PRESENTE! Ensino Fundamental I 1º PLANTÃO PEDAGÓGICO/2019.
Desenvolvimento da Linguagem FASE DAS PRIMEIRAS PALAVRAS ACADÊMICAS: CAMILA M. WACKERHAGE PÂMELA DE LIMA JAQUELINE AP. RIBEIRO.
Psicogênese da Língua Escrita. O que é Psicogênese da língua escrita? A Psicogênese (do grego psyche, alma; genesis, origem) é a parte da Psicologia que.
A PISCOGÊNESE DA LINGUA ESCRITA Emilia Beatriz Maria Ferreiro Schiavi nasceu na Argentina em Formou-se em Psicologia na Universidade de Buenos Aires.
“APRENDER É GRAVAR” Decorrências:
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento normativo que define o conjunto progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem.
Práticas Essenciais na Alfabetização
Transcrição da apresentação:

A PISCOGÊNESE DA LINGUA ESCRITA Emilia Beatriz Maria Ferreiro Schiavi nasceu na Argentina em Formou-se em Psicologia na Universidade de Buenos Aires. Em 1970, por pressões políticas, ela e seu marido, físico e epistemólogo, Rolando Garcia, vão para Genebra/Suíça. Lá, Emília trabalha como pesquisadora assistente de Jean Piaget e sob sua orientação realiza seu doutorado. Em 1971 Emilia volta para Universidade de Buenos Aires e forma um grupo de pesquisa sobre alfabetização do qual fazem parte Ana Teberosky, Alícia Lenzi, Suzana Fernandez, Liliana Tolchinsky e Ana Maria Kaufman.

Com a ditadura na Argentina com um golpe militar em 1976, e muitos desaparecendo a todo momento, vários elementos do grupo deixam o país.Emilia Ferreiro se exila na Suíça e leciona na Universidade de Genebra. Em 1979 muda-se para o México e publica com Ana Teberosky “Sistemas de Escrituras en el desarollo de niño” que é publicado no Brasil sete anos depois com o nome “A Piscogênese da Lingua Escrita”. Emilia Ferreiro nunca achou que as pesquisas da piscogênese se aplicassem diretamente na sala de aula.Ela nunca teve ilusões a respeito disso. Quando lhe perguntam se ainda esta estudando “essas coisas de escrita” responde que nunca terá tempo suficiente para estudar tudo o que gostaria sobre a escrita.

Aspectos fundamentais: A competência linguística da criança; Suas capacidades cognoscitivas; Características gerais das investigações realizadas: Princípios básicos: Não identificar a leitura com o decifrado; Não identificar escrita com cópia de um modelo; Não identificar progressos na conceitualização com decifração e cópia; " Ler não é decifrar, escrever não é copiar".

Método de pesquisa: Situação experimental estruturada porém flexível. -Interrogatório individual gravado -Método de indagação, inspirado no método clínico; -Análise dos resultados Grupo de “amostra” -30 crianças de classe “baixa”, filhos de operários não qualificados, trabalhadores temporários. -17 meninos e 13 meninas; 15 frequentaram o Jardim da Infância; 7 iam pela primeira vez a escola; 6 frequentaram de forma irregular o pré. -Todas foram entrevistas ao início, no meio e ao final do curso.

Algumas hipóteses construídas pelas crianças observadas na pesquisa: -Não se pode escrever com poucas – ou apenas uma letra; -O tamanho da palavra corresponde ao tamanho do objeto representado -As letras de uma palavra não devem se repetir; é preciso que exista uma variação nas letras; -A orientação espacial da escrita é uma construção social não obvia para as crianças; -Para os alfabetizados existe apenas a “lógica” produzida pela escrita. Para as crianças em processo de alfabetização existem hipóteses que vão se confirmando ou não, que vão sendo desafiadas a permanecerem as mesmas.

ESTÁGIOS DA EVOLUÇÃO DA ESCRITA NÍVEL 1.PRÉ - SILÁBICO Características: 1.Indiferenciação entre gravura e escrita Uso de sinais únicos para escrever palavras diferentes A ordem das letras na palavra não é importante Categorias linguísticas não definidas (letras, sílabas, palavras, etc.) Proposta didática:Possibilitar à criança vivenciar atividades que envolvam as letras(palavras e textos de interesse da criança). Conflitos que levam ao próximo nível:Percepção de que há estabilidade nas palavras.Ex.: Só há uma forma de escrever

NÍVEL 2. SILÁBICO Características 1.Vinculação entre escrita e pronúncia. 2. Correspondência quantitativa de sílabas orais com cada letrada palavra. Ex.: i F – PATO (Nível silábico – quantitativo ou restrito). 3. Correspondência qualitativa dos sons com as letras.Ex.: AO – PATO (Nível silábico – qualitativo ou evoluído). Conflitos que levam à próxima hipótese: *Impossibilidade de ler silabicamente (sobram letras) *Impossibilidade de ler o que os outros escrevem. *Confronto com grafias de certas palavras que sabem serem corretas

NÍVEL 3. SILÁBICO – ALFABÉTICO (nível intermediário) Características 1.Estágio de transição entre o silábico e o alfabético; 2.Escrita alterna entre o uso de letras e de sílabas para registro; EX: A criança pode escrever CAVALO = CA VA LO de memória mas na escrita autoral PETECA = PTCA -As letras que sozinhas possuem o som da sílaba como B (be) P(pe) T(te) V(ve) -As sílabas que exigem mais de duas letras como as formadas com LH, NH, CH, RR, SS, QU, GU, etc.

NÍVEL 4. ALFABÉTICO Características: 1.A criança descobre que precisa de uma letra para cadasílaba. 2.Desprende-se do realismo nominal. 3. Já possui formas fixas e grafa muitas sílabas completas (noinício). Na fase avançada, já desperta para questõesortográficas. Ex.: PALHAÇO (PA L SO – 1ª fase)(PALIASO – 2ª fase)Faz correspondência fonema/grafema

NÍVEISPRÉ SILABICO SILÁBICOALFABÉTICO HIPÓTESES Indiferenciação entre gravura e escrita: não correlaciona fonema/grafema Cada sinal gráfico representa uma sílaba. Escreve-se como se fala DESAFIOS Estabelecer uma relação entre a fala e a escrita; Diferenciar o desenho da escrita; Vencer o realismo nominal; Conservação gráfica na forma das palavras Vencer a hipótese do número de letras; Silabas representadas por uma ou mais letras; A escrita representa a fala, contudo, não se escreve como se fala. INTERVENÇÕES Regularidade na formação das palavras: letras iniciais, finais; Distinção entre imagem e escrita; Vinculo entre o discurso e o registro; Leitura do que se escreve; Confronto com outras escritas; Cruzadinhas; Forca; auto-ditado e auto-correção Leitura, muita leitura; Produção de texto com auto- correção; Caça-palavras;

A ALFABETIZAÇÃO EM UMA ABORDAGEM CONSTRUTIVISTA - Alfabetização considerada em função da relação entre quem ensina (professor), quem aprende (aluno) e o objetivo da aprendizagem (sistema de representação alfabética da linguagem). - Escrita concebida como uma representação da linguagem,processo que envolve uma construção conceitual. Não é mero código de transcrição gráfica de unidades sonoras. -Se a aprendizagem da língua escrita implica na compreensão do modo de construção de um sistema de representação, esta se converte na apropriação de um novo objeto de conhecimento (aprendizagem conceitual). - Ênfase aos aspectos linguísticos, sociolinguísticos, psicogenéticos e psicolinguísticos

CONTRIBUIÇÕES PARA A EDUCAÇÃO -Mudança na abordagem escolar em geral. - Necessidade de maior conhecimento científico por parte do professor (psicogênese da língua). - Respeito à criança, considerando-a ser ativo e capaz, que segue um caminho próprio na sua evolução. - Valorização das escritas espontâneas da criança, permitindo-lhe que escreva de acordo com suas hipóteses. - Mudança na visão do “ERRO” – do pejorativo para o ERRO CONSTRUTIVO e necessário – instrumento de pistas para o professor a respeito das hipóteses do aluno e de seu estágio de evolução.

- Delineação dos caminhos que a criança percorre para apropriar-se dos objetos do conhecimento: a leitura e a escrita. -Mudança do enfoque do “COMO SE ENSINA” para “COMO SEAPRENDE”. - O trabalho pedagógico deverá estar orientado para ajudar acriança a responder duas questões: 1.O que a escrita representa? 2.Qual é a estrutura da escrita? -Substituição da questão da prontidão, numa visãotradicional ligada aos aspectos da coordenação viso-auditivo-motora, por aspectos linguísticos, que envolvem aconcepção da criança sobre a leitura e a escrita: função,formas de representação, estruturação, etc

LIVROS DA AUTORA Ferreiro & Teberosky. Psicogênese da Língua Escrita. Artes Médicas Ferreiro & Palácio. Novas Perspectivas sobre os processos de Leitura e escrita Ferreiro. Reflexões sobre alfabetização.Cortez, Ferreiro. Alfabetização em Processo. Cortez, Ferreiro. Passado e Presente dos verbos ler e escrever.Cortez, Ferreiro. Com todas as letras. Cortez, 2011 "... A minha contribuição foi encontrar uma explicação segundo a qual, por trás da mão que pega o lápis, dos olhos que olham, dos ouvidos que escutam, há uma criança que pensa" (Emília Ferreiro)