A Didatização dos Saberes Escolares: A Transposição Didática Elio Carlos Ricardo FE-USP.

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Transcrição da apresentação:

A Didatização dos Saberes Escolares: A Transposição Didática Elio Carlos Ricardo FE-USP

De onde vem aquilo que ensinamos aos alunos?

O objeto da didática: O Sistema Didático – uma relação ternária: o professor, os alunos, um saber a ensinar O que é isso que é chamado de saber nos programas escolares? Os saberes escolares como um problema da didática

A transposição didática (TD) “uma ferramenta que permite recapacitar, tomar distância, interrogar as evidências, por em questão as ideias simples, desprender-se da familiaridade enganosa de seu objeto de estudo. Em uma palavra, o que permite exercer sua vigilância epistemológica.” (Chevallard, 1991)

As Esferas de Saberes Saber de referência (sábio, erudito) T.D. externa Saber a ensinar (programas) T.D. interna Saber ensinado (sala de aula)

TD como uma “denúncia”! A sobrevivência do sistema didático “impõe responder as exigências que acompanham e justificam o projeto social a cuja atualização deve responder” (Chevallard, 1991). Saber a ensinar: é “um saber exilado de sua origem e separado de sua produção histórica na esfera do saber sábio.” (Chevallard, 1991) Ficção de conformidade! O saber a ensinar está dado!

Cabe à escola justificar o saber a ensinar! O professor trabalha na transposição didática “Quando se atribui ao saber sábio seu justo lugar no processo de transposição (...) torna- se evidente que é precisamente o conceito de transposição didática o que permite a articulação da análise epistemológica com a análise didática.” (Chevallard, 1991)

A noosfera Na noosfera se encontram todos aqueles que fazem a mediação entra a sociedade e o sistema de ensino. Noosfera: conflito entre sistema e entorno Noosfera: inicia-se a parte visível da TD Noosfera: trabalho externo da TD – estabelecer o saber a ensinar

Noosfera Onde “se encontram todos aqueles que, por ocuparem os postos principais do funcionamento didático, enfrentam-se com os problemas que surgem do encontro com a sociedade e suas exigências” (Chevallard, 1991, p.28).

Riscos do desgaste biológico e moral Publicidade do saber – texto do saber – responde também às dificuldades de aprendizagem? – TD interna.

Princípio da Vigilância Epistemológica Objeto de saberobjeto a ensinar objeto de ensino Que relação existe entre este objeto de ensino e aquele que lhe deu origem na esfera do saber sábio? O que define uma boa transposição didática não é apenas a fidelidade com o saber sábio, mas também sua pertinência em relação ao projeto social de formação que (supostamente) existe no sistema de ensino.

A textualização do saber Descontextualização Despersonalização Desincretização Programabilidade da aquisição do saber (o progresso da aprendizagem teria uma relação de coincidência com a estrutura do texto?!) Homogeneidade fictícia dos tempos de aprendizagem

A sobrevivência dos saberes Atualidade Moral – adequado à sociedade atual Atualidade Biológica – atualidade em relação à ciência Operacionalidade Criatividade Didática Terapêutica – submeter-se às imposições dos sistemas de ensino

A Vigilância Epistemológica O diabo está nos detalhes! Na interação entre o material didático e o professor, este dará nova vida à inovação. Como os conceitos são apresentados? Como as atividades estão estruturadas? Como a experimentação é pensada? Que palavras são usadas? Que analogias são estabelecidas?

Vigilância Epistemológica “esses saberes escolares, dos quais se diz que são descontextualizados, desarticulados e separados da prática social que lhes fundou historicamente, são funcionais ainda hoje em uma prática exterior à escola e à qual preço?” (Martinand e Durey, 1994, p.77).